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Cocaína: efeitos, dependência e tratamento

Os efeitos da cocaína variam de acordo com a sua forma de apresentação, via de administração e doses ingeridas. A cocaína costuma apresentar-se sob a forma de um pó branco que os consumidores costumam inalar. No entanto, em alguns casos, é igualmente possível fumar cocaína ou pasta de cocaína, o que provoca um efeito mais forte, podendo também ser administrada por via intravenosa, após ter sido diluída, com efeitos mais rápidos e intensos.

Efeitos imediatos

  • Doses moderadas de cocaína produzem:

  • Ausência de fadiga, sono e fome;

  • Exaltação do estado de ânimo;

  • Maior segurança em si mesmo;

  • Prepotência: diminui as inibições e o indivíduo vê-se como uma pessoa sumamente competente e capaz;

  • Aceleração do ritmo cardíaco e aumento da tensão arterial;

  • Aumento da temperatura corporal e da sudação;

  • Reacção geral de euforia e intenso bem-estar;

  • Anestésico local.

Quando o uso é ocasional, pode incrementar o desejo sexual e demorar a ejaculação, mas também pode dificultar a erecção.

Com doses altas, os efeitos são:

  • Insónia, agitação;

  • Ansiedade intensa e agressividade;

  • Ilusões e alucinações;

  • Tremores, convulsões.

À sensação de bem-estar inicial segue-se, em geral uma decaída, caracterizada por cansaço, apatia, irritabilidade e um comportamento impulsivo.

Efeitos a longo prazo

  • Complicações psiquiátricas:

  • Irritabilidade;

  • Crises de ansiedade e pânico;

  • Diminuição da memória;

  • Diminuição da capacidade e da concentração;

  • Apatia sexual ou impotência;

  • Transtornos alimentares (bulimia e anorexia nervosa);

  • Alterações neurológicas (cefaleias ou acidente vascular cerebral);

  • Cardiopatias (arritmias);

  • Problemas respiratórios (dispneia ou dificuldade para respirar, perfuração do tabique nasal,...);

  • Importantes consequências sobre o feto durante a gravidez (aumento da mortalidade perinatal, aborto e alterações nervosas no recém-nascido).

  • Fazemos uma referência especial para a chamada "psicose da cocaína", com características similares à psicose esquizofrénica com predomínio das alucinações auditivas e das ideias delirantes de tipo persecutório.

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Dependência

  • A cocaína é uma substância com enorme potencial de dependência. É a que provoca maior percentagem de dependentes depois de ser consumida em poucas ocasiões.

  • Devido à curta duração dos seus efeitos psicoativos e ao rápido aparecimento de sintomas de abstinência, provoca um consumo compulsivo. Apesar de não gerar uma síndrome de abstinência com sinais físicos típicos, as alterações psicológicas são notáveis: hiper-sonolência, apatia, depressão, ideias suicidas, ansiedade, irritabilidade, intenso desejo de consumo. Este estado pode conduzir ao abuso de depressores como as benzodiazepinas, o álcool e os opiáceos.

  • Um dos problemas mais graves consequentes do consumo de cocaína e de todas as drogas ilegais é o facto de a relação entre a concentração do produto e a composição da sua forma de apresentação, por vezes, não ser homogénea. De facto, o produto adquirido contém, em muitos casos, outras substâncias, como as anfetaminas, para que os seus efeitos sejam mais intensos, enquanto que noutras é mais fraca ou misturada com substâncias inactivas mais baratas, como o pó de talco. A principal consequência destas adulterações é o facto de o consumidor não saber ao certo a quantidade de produto que está a administrar, o que faz com que o excesso de doses e as intoxicações sejam mais frequentes, sobretudo quando a droga é administrada por via intravenosa.

Tratamento

  • Dado que a intoxicação aguda constitui um caso clínico muito grave, convém proceder-se à imediata hospitalização do paciente.

  • O tratamento da dependência compreende três fases. Na primeira, deve-se fazer a desintoxicação do toxicodependente, sendo necessário o internamento num centro especializado, de modo a controlar e tratar a síndrome de abstinência. Na segunda fase, onde a colaboração dos familiares e amigos é fundamental, deve-se reforçar a perda do hábito. Por fim, deve-se ajudar o paciente, de acordo com o caso, na sua reinserção social.

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